quarta-feira, 11 de março de 2015

“LA LUTA”: INVISIBILIDADES E CONSEQUÊNCIAS.


No último dia 05 de março, tive a oportunidade de acompanhar um momento histórico em Caruaru, porém esse fato não foi visto nas mídias tradicionais da cidade (rádios, jornais e Tv) que “se dão ao luxo” de não registrarem os importantes momentos em que o proletariado consegue encurralar os representantes patronais, em busca de melhores condições de trabalho, no nosso contexto ou realidade local.

O que de fato é lamentável, pois além de empobrecer o papel de comunicador social que a mídia deve ter, coloca em “xeque” a credibilidade do jornalismo caruaruense (em nível nacional, as práticas também são corporativistas), que atrelado as ideias corporativistas, não cumpre com o seu dever social democrático de informar. Reduzindo sua função aos moldes dos discursos retóricos, de uma elite dominadora, egoísta e opressora. Tornando assim a ética jornalística em hipocrisia midiática.

Mas, o que seria esse fato? A essa indagação, respondemos que trata-se da reunião de negociação coletiva de trabalho 2015, entre os comerciários – representados pelo SINDECC – e os lojistas – representados pelo SINDLOJA. Reunião essa, que ocorreu na sede do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Caruaru, no dia 05 de março 2015.

Tal reunião, poderia ser algo comum ao local, sendo só mais uma, entre os interesses das classes ali presentes. Infelizmente, também não seria surpresa uma evasão do proletariado nesse ambiente, se levarmos em consideração nossa atual conjuntura sindical no Brasil e seu processo de fragmentação, partidarização exacerbada e crise de legitimidade, tanto em via patronal como em via proletariado. Porém, sendo este último seguimento classista, muito mais afetado pela ausência ou redução da participação popular nos movimento ano a ano. E que consequentemente leva ao descrédito de alguns sindicatos e centrais que de fato não representam os trabalhadores e ainda arranham a imagem indiretamente de entidades sérias e comprometidas com as classes. A essas entidades nada mais justo que o título de pelegos e traidores.

O que não é o caso da entidade aqui citada, pois além de não se submeter a caprichos patronais, o SINDECC tem um grande respaldo perante a sociedade por cumprir seu dever de responsabilidade social, sem deixar entrar em suas dependências a estratégia política cancerígena de cooptação muito comum em Caruaru, sendo um dos elementos responsáveis pela manutenção do conservadorismo político em nossa cidade a mais de 50 anos.

No entanto em meio à crise de legitimidade das instituições representativas em nível de Brasil, sejam essas entidades partidos políticos, associações, sindicatos e etc. Tal evento histórico de 05 de março, quebrou essa ordem. Pois a classe trabalhadora junto ao seu sindicato (SINDECC) lotaram o auditório do MTE. Onde a atitude de lutar por seus direitos, melhores condições de salário, de trabalho e de vida, deve ser algo comum a todos. E que a partir desse ato, possamos acrescentar em nosso cotidiano essa prática reivindicatória em algo continuo, e não discuti-la apenas na perspectiva de uma exceção memorável.


Voltando ao embate. Tal ação, causou forte impacto e surpresa aos representantes patronais presentes no recinto, a surpresa nítida nos seus semblantes, traziam também a perceptível e gritante mistura de sentimentos em relação a classe trabalhadora que ali se fez presente. Enquanto as expressões patronais ficavam remetidas a uma mistura de surpresa, tensão, raiva e medo. Contrastando assim com a classe trabalhadora, que sentia-se mais à vontade em cobrar o que é dela por direito. Foi um cenário diferente do que os patrões estão acostumados a ver, seja nas relações do dia a dia dentro de suas empresas ou até nas mesas de negociações com a presença apenas dos representantes sindicais. O que nunca foi nenhum segredo, pois o fortalecimento da entidade se dar com a participação da classe operária efetiva e sem ela pouco se conquista.

Voltando ao “fato” pelo “fato”. O que de fato os comerciários conseguiram ganhar nas negociações? A essa indagação, podemos responder da seguinte forma: Se as negociação e o contexto que a mesma foi realizada estivesse seguindo a linha comum do dia a dia das mediações do MTE, iriamos nos restringir a números e valores financeiros. Mas como se trata de uma fato histórico e história é uma ciência humana, não nos limitaremos a explicar os ganhos na perspectiva quantitativas. Analisamos na verdade os ganhos qualitativos dos trabalhadores e da entidade sindical, onde o verdadeiro ganho foi político, foi o estouro de uma bolha de conforto de sobrevivência que prende o trabalhador. Bolha que não foi constituída de água e sabão, mas com elementos do consumismo, individualismo, desumanização e despolitização da classe trabalhadora. Elementos que fazem parte um sistema maior chamado de capitalismo.

Há de fato uma agulha que estourou essa bolha, e esse choque não foi obra do acaso, não foi apenas movimento natural dos ventos que levaram a esse encontro casual. É fruto de um sindicato que mesmo nos momentos difíceis, nunca desiste de lutar pela classe trabalhadora. Pressupomos que o sindicato dos comerciário (SINDECC) comunga de que a maior conquista do últimos dia 05 de março 2015, não tenha sido financeira, mas sim política.

E Deixado o “oba oba” de lado, vale salientar que a história jamais se repete, se a noite dia 05 de março, foi marcada por comerciários que lotaram o auditório do MTE, os próximos encontros não serão desta maneira, também podemos lotar o prédio (é o que esperamos, por que não?) ou estarmos com o auditório vazio (um fim trágico, mas possível.). Queremos com isso mostrar aos que ainda duvidam, que sindicato não é “marca de grife”, sindicato é uma “bandeira de luta”! Queremos dizer a classe trabalhadora, que ganhamos apenas uma batalha de uma guerra em curso. Pois já dizia o velho Marx: “Proletários unam-se”!

por Jefferson Abraão

Fonte: 
atonamidia.com


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