quinta-feira, 31 de maio de 2018


SOBRE OS PEDIDOS DE INTERVENÇÃO MILITAR NO BRASIL.

Já faz um tempo que ecoa pelo país, através das redes sociais, o pedido de uma possível intervenção militar devido à corrupção no Congresso Nacional. O discurso de que só uma intervenção militar colocaria “ordem” no país vem ganhando força até entre a classe trabalhadora, e isso é muito perigoso e preocupante, uma vez que os primeiros a sofrerem as consequências seriam nós os trabalhadores.
O discurso raso de que uma intervenção militar colocaria “ordem” e acabaria com a corrupção é falso, pois foi no período militar que a corrupção mais cresceu e a dívida externa do Brasil se multiplicou, sendo a  consequência disso o aumento da desigualdade social com o acúmulo de riqueza para os ricos e o aumento da miséria para os pobres.
Existe um grande abismo de informação para o povo brasileiro e para os trabalhadores em relação a História do Brasil, devemos entender a quais interesses uma intervenção militar atende e quais foram as consequências para o País e para o povo.
A Ditadura Militar no Brasil durou 21 anos e seu golpe foi aplicado em 1º de abril de 1964. Antes do golpe houveram grandes mobilizações em busca de apoio popular, a mídia, por sua vez, atendeu como sempre os interesses burgueses e fez coro ao golpe militar com propagandas em jornais impressos e em rádios, o movimento também contou com o apoio de grande parte da igreja e de outras organizações conservadoras. O medo do Comunismo assolava o mundo e quaisquer movimentos de trabalhadores em sindicatos e associações eram tratados como comunistas. A igreja satanizava o comunismo e defendia a “família com Deus”, discurso amplamente defendido à época, mas o povo não sabia que por trás existiam interesses econômicos e políticos.
O Governo até então de João Goulart (Jango) discutia as Reformas de Base que trariam uma melhoria para o povo e, entre elas, a reforma agrária. Essas pautas do Governo deixaram os setores empresariais enfurecidos e grande parte dos políticos, ligados direta e indiretamente aos empresários, não apoiavam as medidas do governo. Com isso, iniciaram-se campanhas por todo Brasil contra os movimentos de trabalhadores, contra os estudantes e com o total apoio à intervenção militar, a qual foi ganhando apoio popular pelo discurso de fim da corrupção e fim aos movimentos comunistas. Assim, com a concretização do Golpe vieram as violentas consequências ao povo e principalmente a aqueles que resistiam e enfrentavam o regime militar.
As atrocidades foram muitas como torturas a homens, mulheres, inclusive grávidas, e a crianças, ou seja, a todos que resistiam ou eram ligados a algum movimento de resistência e até mesmo seus familiares eram presos, torturados e mortos pelo regime militar. Jornais foram fechados, jornalistas foram assassinados, e qualquer pessoa que investigasse ou denunciasse, simplesmente sumia. Artistas foram exilados, teatros fechados, músicas e outras formas culturais foram censuradas, as mídias eram totalmente controladas pelo regime e a liberdade de expressão também não existia. Foram 21 anos de perseguição, dor e sofrimento para aqueles que resistiam ou se opunham à ditadura militar, pessoas que lutavam pelo direito de se expressar, protestar e lutar por direitos básicos foram assassinadas e muitas delas ainda continuam desaparecidas até os dias de hoje.
Portanto, falar em intervenção militar, em volta de militares ao poder para combater a corrupção, é um retrocesso, é regredir nas conquistas e o pior, tirar nossa liberdade e sucatear ainda mais os serviços públicos!

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