SOBRE OS PEDIDOS DE INTERVENÇÃO
MILITAR NO BRASIL.
Já faz um tempo que ecoa pelo país, através das redes
sociais, o pedido de uma possível intervenção militar devido à corrupção no
Congresso Nacional. O discurso de que só uma intervenção militar colocaria
“ordem” no país vem ganhando força até entre a classe trabalhadora, e isso é
muito perigoso e preocupante, uma vez que os primeiros a sofrerem as
consequências seriam nós os trabalhadores.
O discurso raso de que uma intervenção militar colocaria
“ordem” e acabaria com a corrupção é falso, pois foi no período militar que a corrupção
mais cresceu e a dívida externa do Brasil se multiplicou, sendo a consequência disso o aumento da desigualdade
social com o acúmulo de riqueza para os ricos e o aumento da miséria para os
pobres.
Existe um grande abismo de informação para o povo brasileiro
e para os trabalhadores em relação a História do Brasil, devemos entender a
quais interesses uma intervenção militar atende e quais foram as consequências
para o País e para o povo.
A Ditadura Militar no Brasil durou 21 anos e seu golpe foi
aplicado em 1º de abril de 1964. Antes do golpe houveram grandes mobilizações
em busca de apoio popular, a mídia, por sua vez, atendeu como sempre os
interesses burgueses e fez coro ao golpe militar com propagandas em jornais
impressos e em rádios, o movimento também contou com o apoio de grande parte da
igreja e de outras organizações conservadoras. O medo do Comunismo assolava o
mundo e quaisquer movimentos de trabalhadores em sindicatos e associações eram
tratados como comunistas. A igreja satanizava o comunismo e defendia a “família
com Deus”, discurso amplamente defendido à época, mas o povo não sabia que por
trás existiam interesses econômicos e políticos.
O Governo até então de João Goulart (Jango) discutia as
Reformas de Base que trariam uma melhoria para o povo e, entre elas, a reforma
agrária. Essas pautas do Governo deixaram os setores empresariais enfurecidos e
grande parte dos políticos, ligados direta e indiretamente aos empresários, não
apoiavam as medidas do governo. Com isso, iniciaram-se campanhas por todo
Brasil contra os movimentos de trabalhadores, contra os estudantes e com o
total apoio à intervenção militar, a qual foi ganhando apoio popular pelo
discurso de fim da corrupção e fim aos movimentos comunistas. Assim, com a
concretização do Golpe vieram as violentas consequências ao povo e
principalmente a aqueles que resistiam e enfrentavam o regime militar.
As atrocidades foram muitas como torturas a homens, mulheres,
inclusive grávidas, e a crianças, ou seja, a todos que resistiam ou eram
ligados a algum movimento de resistência e até mesmo seus familiares eram presos,
torturados e mortos pelo regime militar. Jornais foram fechados, jornalistas foram
assassinados, e qualquer pessoa que investigasse ou denunciasse, simplesmente
sumia. Artistas foram exilados, teatros fechados, músicas e outras formas
culturais foram censuradas, as mídias eram totalmente controladas pelo regime e
a liberdade de expressão também não existia. Foram 21 anos de perseguição, dor
e sofrimento para aqueles que resistiam ou se opunham à ditadura militar,
pessoas que lutavam pelo direito de se expressar, protestar e lutar por
direitos básicos foram assassinadas e muitas delas ainda continuam
desaparecidas até os dias de hoje.
Portanto, falar em intervenção militar, em volta de militares
ao poder para combater a corrupção, é um retrocesso, é regredir nas conquistas
e o pior, tirar nossa liberdade e sucatear ainda mais os serviços públicos!
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