sexta-feira, 3 de julho de 2009

ARTIGO

CARUARU EM PLENA EVOLUÇÃO OU INVOLUÇÃO?

Falar em evolução numa cidade que teve a infelicidade de ter um administrador, que buscando votos de pessoas miseráveis, afirmou categoricamente que “feira tinha mesmo que ser desorganizada, caso contrário não prestava”, e ter uma Câmara de Vereadores que praticamente em nada se diferencia de um grande picadeiro, pois deixa de discutir questões de interesse público, para discutir questões pessoais, prova que estamos mais próximo de uma província, do que mesmo de uma metrópole em que tanto se fala de crescimento econômico, sem quase nenhum desenvolvimento social.
À custa de grande exploração sobre os trabalhadores, por aqui é grande a concentração de renda e a corrupção, o que contribui imensamente para o rápido aparecimento de grandes fortunas.
Parece não haver muita lógica em falar em cidade evoluída, quando se tem várias linhas de ônibus intermunicipais e lotações circulando pelas estreitas e apertadas ruas centrais (Vigário Freire e Duque de Caxias), agredindo fortemente o meio ambiente, causando vários transtornos ao já caótico trânsito de Caruaru, além de prejudicar enormemente a saúde de trabalhadores, lojistas e todos quantos circulam pelo centro de nossa “Princesinha do Agreste”. Vale à pena informar que tais empresas de ônibus, têm como proprietários homens públicos de nossa cidade que se dizem muito preocupados com o meio ambiente e a qualidade de vida do nosso povo.
Não se trata de um pensamento reducionista, uma vez que deve ser reconhecido que a nossa cidade é verdadeiramente um grande pólo econômico. Mas, é preciso também afirmar, que a nossa Caruaru merece e precisa de um administrador de coisa (coisa pública) e ao mesmo tempo, de um gestor (de pessoas). Assim, em vez da passagem molhada, se construa a ponte, que além de não agredir o meio ambiente, garante o direito de ir e vir do nosso povo.
Falar em cidade evoluída, quando os direitos humanos são frontalmente desrespeitados, uma vez que não temos um único sanitário público no centro do nosso vigoroso comércio, o que obriga em muitas vezes se utilizar o famoso “pé de muro”, não parece ser razoável.
Lembrar os 152 anos de uma cidade, sem citar as calçadas indevidamente ocupadas, sem citar a falta de teatro nos bairros, sem citar a falta de áreas de lazer públicas, é ser no mínimo, um pouco conformista.
Por último, deve-se registrar a péssima qualidade no serviço prestado pelo transporte público de nossa cidade, que obriga a maioria dos trabalhadores a se endividarem com a compra de motos, colocando suas vidas em risco, quando muitas vezes não as perdem ou têm um membro amputado. Tudo isso, resultado do não esforço por parte do Poder Público em garantir um transporte público de boa qualidade, beneficiando assim, apenas as empresas concessionárias de motos.
Uma prova robusta de que Caruaru caminha em plena involução, é a agressiva e desordenada instalação de torres de celular e a irregular explosão imobiliária que ameaçam o paisagismo, o urbanismo e a saúde humana.
Uma outra prova incontestável do descontrole urbanístico é o empreendimento Shopping Difusora, construído praticamente no coração de nossa cidade, o que para o poder econômico significa modernidade, pois vai “gerar muitos empregos”, trouxe também, enormes prejuízos a vida e ao meio ambiente, uma vez que para construção de tal empreendimento foram derrubadas mais de quarenta árvores, sem se falar nas toneladas de esgotos sanitários que serão diariamente despejadas no canal do Salgado – bairro da periferia de Caruaru, causando um forte impacto ambiental. Esse empreendimento ainda recebeu do Poder Público Municipal, a garantia de por dez anos, não pagar ISS. Existe justiça neste ato?
Toda esta falta de uma melhor qualidade de vida, não interessa ser discutida, visto que para grande parte do nosso empresariado e de nossos administradores, o que interessa é o lucro e continuar tratando o trabalho, o meio ambiente e a vida como simples mercadoria.
Precisamos pensar melhor em que tipo de cidade queremos viver e construir para as gerações futuras.

Milton Manoel da Silva Filho
Presidente do SINDECC

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