quarta-feira, 27 de outubro de 2010

COMO EXPLICAR PROGRAMA DE GOVERNO PARA JORNALISTAS HOSTIS.

Ao apresentar seus 13 Compromissos Programáticos para os partidos da Coligação Para o Brasil Seguir Mudando, em São Paulo, Dilma e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, tiveram que explicar à imprensa, tintim por tintim, para que servem os compromissos de um Programa de Governo. Foi preciso explicar até o óbvio para profissionais de mídia viciados em más notícias e treinados para apenas falar mal da campanha de Dilma.
Ao vir a São Paulo, especialmente para apresentar seus compromissos programáticos aos partidos da Coligação e aos jornalistas paulistas, a candidata a presidente Dilma Rousseff não imaginava uma recepção tão hostil, no Hotel Mercure, nesta segunda-feira (25).
Alguns jornalistas a interrogavam como se tivesse cometido algum crime. "Não podia ser mais detalhado? Não podia ter saído antes? Fala de aborto? O que diz sobre a crise cambial? Não podia ter sido impresso num couchet melhor? O que diz sobre violência com bolinhas de papel?"
Se já não tivesse passado pelas pedradas de William Bonner, Dilma teria ficado espantada com tanta parcialidade. Afinal, o adversário nunca apresentou um programa de governo, desviou todo o debate da campanha para questões religiosas e morais e ninguém o coloca na defensiva sobre o assunto.
Sem entender o motivo de tanto nervosismo, Dilma disparou que vem apresentando suas propostas ao longo da campanha e que apenas formalizou, por escrito, os compromissos para o próximo governo para que todos possam cobrar.
Parece que alguns colegas jornalistas não entendem o que seja um governo de continuidade e não têm visto o programa de TV da campanha, os debates e comícios. Também não devem ter sido pautados para os inúmeros eventos de lançamento do programa de governo por todo o país. 25 cadernos temáticos sobre cada assunto do Programa de Governo têm sido divulgados nesses eventos. A imprensa estava muito ocupada com temas religiosos e bolinhas de papel. De qualquer forma, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, colocou os pingos nos is.
Os pingos nos is
Como a obsessão mais frequente era por que o PT não faz cadernos para milhões e por que esses cadernos não têm centenas de páginas, Dutra disse que o programa de TV é a melhor maneira de chegar ao eleitor com as propostas do programa de governo. "Mas ninguém assiste programa eleitoral...", diziam, como se o eleitor também não tivesse responsabilidade sobre o nível de informação que recebe sobre os candidatos.
Dutra lembrou que as pesquisas revelam que 60% dos eleitores já assistiram ao programa na TV, além das inserções na programação que têm uma audiência ainda maior. "Não há nenhum instrumento que atinja tanto eleitor como o programa de TV. Não adianta fazer programa de governo e guardar. Ele precisa chegar na população, mas principalmente ser cumprido pelo governo", afirmou.
Dutra teve que ser didático ao dizer que "a base do nosso programa de governo é o nosso governo". "Agora, nós temos oito anos de governo com experiências concretas pra mostrar", disse o dirigente petista.
Enquanto isso, as propostas de Serra para o Brasil de 2011 são um mistério. Quando perguntado sobre privatizações, prática corrente nos governos tucanos, ele desconversa. Quando apresenta propostas concretas, todas já constam dos projetos do Governo Lula. Quando diz que vai continuar os programas sociais de Lula, ninguém acredita, pois ele fez oposição a todos eles durante os últimos oito anos. Afinal, a que vem o candidato Serra, além de prometer mundos e fundos para bispos e pastores?
Mas voltando ao Programa de Governo da Coligação "Para o Brasil Seguir Mudando", Dutra continuou respondendo a saraivada: "A base da política econômica da nossa candidatura está definida desde o primeiro ano do governo. Ninguém discute a questão cambial no programa de governo.
A base da nossa política é o câmbio flutuante, mas o que Dilma vai fazer com a atual crise internacional do câmbio vai depender da conjuntura e das condições de pressão e temperatura que ela assumir. Qualquer declaração sobre o assunto, agora, seria uma irresponsabilidade", afirmou Dutra.
Mas onde tem aborto nesse programa? "Isso não é matéria de programa de governo. Foi um assunto contrabandeado para a campanha, por setores que queriam estigmatizar nossa candidatura", disse o petista, lembrando que certos assuntos são da alçada do Congresso, não do Executivo.
Mas qual a novidade desse programa, então? "A novidade é a continuidade dos avanços", disse Dutra, citando como exemplo os compromissos assumidos por Lula pelo meio ambiente, em Copenhagen, que serão implementados no próximo governo.
Um resultado comemorado
Todos que saíram do almoço da Coligação se mostraram satisfeitos com os compromissos assumidos por Dilma. O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, por exemplo, falou à imprensa que só lamenta o fato de não ter havido mais condições, nessa campanha, de confrontar os programas. "A campanha se desvirtuou para assuntos morais. Temos a matéria na mão, mas não encontramos o campo para esse debate", disse o comunista sobre os interesses da imprensa.
Segundo o assessor da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que coordenou a formulação do Programa de Governo, são diretrizes de governo discutidas e consensuadas por todos os partidos. Ao contrário de outras campanhas, em que os partidos mais interessados no debate são o PT, o PCdoB e o PSB, desta vez, todos mandaram representantes às reuniões de trabalho. "Alguns partidos até comemoraram a participação e pediram um caráter continuado nesse processo", disse Garcia.
Uma jornalista questionou um trecho da diretriz que diz que o Governo Dilma será um governo para todos os brasileiros. "Isso não é óbvio?" A resposta de Garcia: "Esta é uma frase retórica, afinal os comunicadores trabalham com palavras. Agora, o Fernando Henrique não disse que há uma parcela dos brasileiros que é inimpregável? Pode parecer obviedade, mas não é. Alguns governam para poucos."
Garcia afirmou que foi um debate tranquilo e satisfatório, sem polêmicas ou atritos. Ao contrário do que diziam alguns jornalistas, o PMDB não foi freio ou fiel da balança contra supostos radicalismos.
"O PMDB foi muito constante e teve uma participação de alto nível, com um acordo muito bom", pontuou. Como encerrou o assessor de Lula, a substância do próximo governo está aí, e não pode haver dúvida sobre isso!
Por Cezar Xavier,
para o site do PT-SP



Fonte: Agência DIAP - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário