Segundo resenha publicada no site Congresso em Foco sobre o balanço das eleições legislativa de 3 de outubro, a maioria dos negros eleitos para o Senado e para a Câmara dos Deputados é do PT, PSB, PCdoB e PSol, entre outras legendas progressistas. O PSDB e o DEM não tiveram nenhum candidato negro eleito.
Na avaliação do diretor da ONG Educafro, frei David dos Santos, não se trata de mera coincidência. "Os partidos de direita não investiram financeiramente em qualquer campanha de povo negro, todos os eleitos são de esquerda ou centro-esquerda. Os partidos que não amam o negro apenas o usam", comenta.
O ativista também denuncia casos de falsas promessas a lideranças negras. "Alguns partidos vão à periferia, formam lideranças, prometem muito dinheiro para campanha, mas esse dinheiro nunca aparece e os candidatos acabam tendo de bancar, do próprio bolso, suas candidaturas. No fim, não conseguem o número mínimo de votos para se eleger, por terem feito campanha fraca", explica.
Mas o número de votos recebidos pelos candidatos negros mostra que, impulsionado principalmente pela mobilização de suas bases populares, o movimento aumenta, aos poucos, sua relevância na sociedade. Com base em informações do Instituto de Política, Gestão Pública e Empresarial e Tecnologias Apropriadas (Ipogetec) de Brasília, 22 milhões de pessoas votaram em candidatos negros, 19,86% do total de votos computados e 21,74% do total de votos válidos.
Frei David afirma que, assim que os negros eleitos tomarem posse, a Educafro vai procurá-los para sugerir a criação de políticas de incentivo à população afro-descendente para conquistar espaço na política. "Segundo o IBGE, 51,3% da população brasileira é afro-descendente, somos maioria, porém sub-representados na Câmara e no Senado Federal. Infelizmente, grande parte dos negros ainda não assumiu sua identidade, não vota em pessoas da mesma raça. E isso é resultado da opressão da escravidão, que está no inconsciente da nossa população negra", analisa o diretor da ONG.
A Educafro pretende conversar com dirigentes do DEM e do PSDB, para viabilizar a participação do negro no processo eleitoral. "Não queremos mais ser usados como massa para captar votos e depois eleger sempre os mesmo caciques dos partidos. O eleitor tem que ver o partido em que está votando. Se elegeu negro e índio, é um partido sério. Se só elegeu branco, é partido que discrimina", diz frei David.
Para o Congresso em Foco, "não se pode esquecer que o DEM tem questionamentos graves no Supremo Tribunal Federal sobre a política de cotas, o ProUni e as terras destinadas às comunidades quilombolas no Brasil".
Segundo a assessoria de imprensa do DEM, o único questionamento do partido em relação ao Pró-Uni é de cunho técnico. O partido defende que sua criação deveria ter sido por projeto de lei. Sobre as cotas, o DEM se declara a favor delas por condição financeira do aluno, e não pela cor. Quanto à ausência de negros no pleito, o partido considera coincidência, da mesma forma que, dessa vez, poucas mulheres foram eleitas pela legenda.
Ao ser procurada, a assessoria do PSDB disse desconhecer a fonte de consulta que declara a raça dos candidatos.
Por Patrícia Santos Pereira,
Na Rede Brasil Atual
Fonte: Agência DIAP - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
Na Rede Brasil Atual
Fonte: Agência DIAP - Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar.
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