Nas últimas eleições Municipais
o tema economia criativa apareceu por diversas vezes, e a atual prefeita de
Caruaru, Raquel Lyra, e o “seu antagonista” Tony Gel, não souberam sequer dizer
quais suas ideias em relação a essa temática, momento que ficou marcado na
minha cabeça, pelo nível de ignorância dessas figuras em relação a um tema tão
necessário para discutir o desenvolvimento e fortalecimento econômico de uma
cidade como a nossa. Um tema que é confundido irresponsavelmente por nossos
governantes locais, colocado meramente e erroneamente como se fosse apenas o
trabalho desenvolvido por vendedores ambulantes na cidade de Caruaru.
Raquel e toda sua
cúpula de governança desconhecem que economia criativa está para além de um
mero “elogio” à audácia de um “empreendedor criativo”. Ou seja, trocam a
atividade inicial – que se trata de sua responsabilidade (enquanto prefeito) de
desenvolvimento e implantação de atividades que possam impulsionar esse sistema
– pela atividade final (que seria o resultado dessa atuação) o investimento no
empreendedor, sua concretude e resultados no mercado. Somos governados por
ignorantes despreparados a mais de 50 anos e não nos damos conta disto!
Por não saberem lidar
com tais temas, fica nítido o despreparo para administrar uma cidade que
respira comércio todos os dias e das mais diversas formas. Como consequência,
cenas de puro autoritarismo como as que estamos vendo com os ambulantes sofrerem
são cada vez mais recorrentes. Tais administrações tem como prioridade as
demandas de uma burguesia desinformada sobre sua área de atuação – o comércio –
uma burguesia que pensa a economia de maneira arcaica e autoritária.
Os ambulantes não são o
mal do desenvolvimento comercial de Caruaru, muito pelo contrário, estes são
verdadeiros responsáveis pela ascensão dessa cidade no cenário nordestino. Não
foram os lojistas que criaram a Feira da Sulanca, não são os membros da ACIC
que são destaque nas discussões acadêmica sobre economia local em vários
centros acadêmicos no Brasil e no exterior. Não foi o SINDLOJA e nem a CDL que
tornaram as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe em grandes
referências de pluralidade e variedade de comércio varejista e atacadista.
Muito pelo contrário todo esse capital só foi possível graças aos feirantes, aos
ambulantes, ou seja, foi graças a “Dona Maria” e “Seu Zé” em suas duras
jornadas fabris e suas andanças por clientes que levantaram essa cidade lhe
deram o status econômico que hoje ela tem.
O mais irônico é que
essas entidades burguesas (carcomidas) falam em livre comércio sem intervenção
do Estado, mas fazem parte de governos, sejam na condição de agentes políticos ou
até financiadores de campanha, ou seja, todo o discurso dessa burguesia na
prática não passa de uma bela e má hipocrisia. Pois estes não lutam pela
falácia da meritocracia que defendem, muito pelo contrário, usam do poder
estatal em causa própria e não em prol de todos que fazem parte do comércio
local, por consequência destroem a essência deste comércio local que é a “Dona
Maria” e o “Seu Zé” sem nenhum pudor.
Hoje, com o caos
econômico que vivenciamos, muitos trabalhadores têm integrado o grupo de “Dona
Maria e Seu Zé”. E me revolta (mas não em surpreender) saber que a Gestão PSDB
não tem uma gota de sensibilidade com famílias que em muitos casos estão nas
ruas em um mercado informal, desprotegidas de garantias trabalhistas por uma
necessidade de sobrevivência. Famílias que estão tentando levar para casa o seu
alimento, que hoje gira em média R$ 373, 84 uma cesta básica em Pernambuco
segundo dados do DIESSE. Famílias que em muitos casos fazem parte de um
universo de mais de 14,2 milhões de desempregados no país. Famílias que podem
inclusive fazer parte do alarmante número de 35% de incidência de pobreza em
Caruaru, segundo dados do IGBE.
Organizar o centro de
Caruaru é muito diferente de oprimir trabalhador, no entanto há sinônimos a
serem lembrados aqui: como por exemplo Prefeitura e CDL, que fala a mesma
língua; há também embriões, ou até genealogias como é o caso da Secretaria de
Ordem Pública que é tão insensível quanto a Polícia Militar, aliás o nome da
secretária é tão pífio quanto sua atuação; e há também a hipocrisia de sempre,
uma vez que a voz de toda essa festa de barbárie é uma parcela da grande mídia,
aliás as vezes é difícil distinguir em Caruaru quem é assessor do governo e
quem é jornalista.
Antes de encerramos essa
breve explanação, se faz necessário lembrar que a grande mídia e mais alguns blogzinhos
sem compromisso social estão a aproximadamente um mês desdenhando dos ambulantes.
Chegamos ao ponto em que RÁDIO LIBERDADE DE CARUARU a aproximadamente uma
semana atrás chamou os ambulantes de bagunceiros em uma de suas reportagens,
matérias que são tão profundas quanto um pires de chá. Pois bem, são matérias assim
que “preparam o terreno” para ações de barbárie como as que estão sendo praticadas
essa semana em Caruaru. Por fim, toda essa encenação termina com a grande mídia
tentando se eximir de sua parcela de culpa, mas “Esse filme eu já vi”, foi em
“1964” e não foi bom.
Por Jefferson Abraão - Professor e Historiador
Fotos Depto Imprensa SINDECC
Por Jefferson Abraão - Professor e Historiador
Fotos Depto Imprensa SINDECC
Nenhum comentário:
Postar um comentário