quinta-feira, 3 de agosto de 2017

“OLHA O RAPA!!!!” PREFEITURA DE CARUARU: O BALCÃO DE NEGÓCIO DA BURGUESIA TUCANA E A PERSEGUIÇÃO AOS AMBULANTES













































Nas últimas eleições Municipais o tema economia criativa apareceu por diversas vezes, e a atual prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, e o “seu antagonista” Tony Gel, não souberam sequer dizer quais suas ideias em relação a essa temática, momento que ficou marcado na minha cabeça, pelo nível de ignorância dessas figuras em relação a um tema tão necessário para discutir o desenvolvimento e fortalecimento econômico de uma cidade como a nossa. Um tema que é confundido irresponsavelmente por nossos governantes locais, colocado meramente e erroneamente como se fosse apenas o trabalho desenvolvido por vendedores ambulantes na cidade de Caruaru.
Raquel e toda sua cúpula de governança desconhecem que economia criativa está para além de um mero “elogio” à audácia de um “empreendedor criativo”. Ou seja, trocam a atividade inicial – que se trata de sua responsabilidade (enquanto prefeito) de desenvolvimento e implantação de atividades que possam impulsionar esse sistema – pela atividade final (que seria o resultado dessa atuação) o investimento no empreendedor, sua concretude e resultados no mercado. Somos governados por ignorantes despreparados a mais de 50 anos e não nos damos conta disto!
Por não saberem lidar com tais temas, fica nítido o despreparo para administrar uma cidade que respira comércio todos os dias e das mais diversas formas. Como consequência, cenas de puro autoritarismo como as que estamos vendo com os ambulantes sofrerem são cada vez mais recorrentes. Tais administrações tem como prioridade as demandas de uma burguesia desinformada sobre sua área de atuação – o comércio – uma burguesia que pensa a economia de maneira arcaica e autoritária.
Os ambulantes não são o mal do desenvolvimento comercial de Caruaru, muito pelo contrário, estes são verdadeiros responsáveis pela ascensão dessa cidade no cenário nordestino. Não foram os lojistas que criaram a Feira da Sulanca, não são os membros da ACIC que são destaque nas discussões acadêmica sobre economia local em vários centros acadêmicos no Brasil e no exterior. Não foi o SINDLOJA e nem a CDL que tornaram as cidades de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe em grandes referências de pluralidade e variedade de comércio varejista e atacadista. Muito pelo contrário todo esse capital só foi possível graças aos feirantes, aos ambulantes, ou seja, foi graças a “Dona Maria” e “Seu Zé” em suas duras jornadas fabris e suas andanças por clientes que levantaram essa cidade lhe deram o status econômico que hoje ela tem.
O mais irônico é que essas entidades burguesas (carcomidas) falam em livre comércio sem intervenção do Estado, mas fazem parte de governos, sejam na condição de agentes políticos ou até financiadores de campanha, ou seja, todo o discurso dessa burguesia na prática não passa de uma bela e má hipocrisia. Pois estes não lutam pela falácia da meritocracia que defendem, muito pelo contrário, usam do poder estatal em causa própria e não em prol de todos que fazem parte do comércio local, por consequência destroem a essência deste comércio local que é a “Dona Maria” e o “Seu Zé” sem nenhum pudor.
Hoje, com o caos econômico que vivenciamos, muitos trabalhadores têm integrado o grupo de “Dona Maria e Seu Zé”. E me revolta (mas não em surpreender) saber que a Gestão PSDB não tem uma gota de sensibilidade com famílias que em muitos casos estão nas ruas em um mercado informal, desprotegidas de garantias trabalhistas por uma necessidade de sobrevivência. Famílias que estão tentando levar para casa o seu alimento, que hoje gira em média R$ 373, 84 uma cesta básica em Pernambuco segundo dados do DIESSE. Famílias que em muitos casos fazem parte de um universo de mais de 14,2 milhões de desempregados no país. Famílias que podem inclusive fazer parte do alarmante número de 35% de incidência de pobreza em Caruaru, segundo dados do IGBE.
Organizar o centro de Caruaru é muito diferente de oprimir trabalhador, no entanto há sinônimos a serem lembrados aqui: como por exemplo Prefeitura e CDL, que fala a mesma língua; há também embriões, ou até genealogias como é o caso da Secretaria de Ordem Pública que é tão insensível quanto a Polícia Militar, aliás o nome da secretária é tão pífio quanto sua atuação; e há também a hipocrisia de sempre, uma vez que a voz de toda essa festa de barbárie é uma parcela da grande mídia, aliás as vezes é difícil distinguir em Caruaru quem é assessor do governo e quem é jornalista.

Antes de encerramos essa breve explanação, se faz necessário lembrar que a grande mídia e mais alguns blogzinhos sem compromisso social estão a aproximadamente um mês desdenhando dos ambulantes. Chegamos ao ponto em que RÁDIO LIBERDADE DE CARUARU a aproximadamente uma semana atrás chamou os ambulantes de bagunceiros em uma de suas reportagens, matérias que são tão profundas quanto um pires de chá. Pois bem, são matérias assim que “preparam o terreno” para ações de barbárie como as que estão sendo praticadas essa semana em Caruaru. Por fim, toda essa encenação termina com a grande mídia tentando se eximir de sua parcela de culpa, mas “Esse filme eu já vi”, foi em “1964” e não foi bom.

Por Jefferson Abraão - Professor e Historiador
Fotos Depto Imprensa SINDECC



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